Muitas vezes o quadro clínico
e eletrofisiológico do paciente indica que a
área ou as áreas que geram as crises estão
localizadas próximas à área ou
áreas do cérebro consideradas muito importantes
ou “eloqüentes”, tais como área
motora (área responsável pelos movimentos
da outra metade do corpo) e área de linguagem
(responsável pela capacidade de expressar e de
entender). Para que o paciente fique livre de crises
é preciso remover o foco epiléptico com
precisão e sem causar danos ao paciente (como
hemiplegia, afasia de expressão ou compreensão).
Para isso é preciso saber com exatidão
a localização da área ou áreas
eloqüentes e também saber com exatidão
a localização do foco epiléptico.
Isso poderia ser obtido na cirurgia
através de estimulação elétrica
do córtex cerebral com paciente sob anestesia
geral (para determinação da área
motora) (Figura 72) ou com o paciente acordado (para
determinação das áreas de linguagem
de expressão e da compreensão) e com a
realização intra-operatória de
eletrocorticografia. Porém ambos procedimentos
podem sofrer influências externas durante a cirurgia
e não traduzir com fidelidade o que realmente
acontece com o cérebro do paciente no seu dia
a dia, além do tempo limitado que a equipe cirúrgica
dispõe para estudar e estimular as áreas
do cérebro.
Nesse caso, através de
uma cirurgia coloca-se estrias ou placas subdurais (eletrodos
subdurais) diretamente sobre a parte ou as partes suspeitas
do cérebro, depois a cirurgia é fechada
e o paciente é conduzido de volta para a unidade
de vídeo monitorização (Unidade
de Vídeo-EEG) para registro de crises (para determinar
o local ou os locais onde se originam as crises) e para
estimulação elétrica (determinação
das áreas eloqüentes). Esta etapa de investigação
é também chamada de Fase II (etapas
de investigação).Depois de localizar
com exatidão o foco epiléptico e as áreas
eloqüentes, o paciente volta para a sala da cirurgia
(geralmente 5 a 7 dias depois da primeira cirurgia)
para remover o foco epiléptico.
Os eletrodos subdurais também
podem ser usados em casos onde após uma investigação
criteriosa (etapas
de investigação), há fortes
indícios que uma determinada área do cérebro
seja o foco da epilepsia do paciente, porém sem
lesão detectável na ressonância
nuclear magnética. Nesses casos pode-se implantar
placas ou eletrodos especificamente naquela área
suspeita e proporcionar um estudo mais minucioso da
região sob suspeita.
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