Existem vários tipos de epilepsia
e síndromes epilépticas peculiares às
crianças. De um modo geral, aproximadamente 1/4 destas
crises são refratárias ao tratamento medicamentoso.
Alguns fatos podem ser chamados de "indicadores
de refratariedade", ou seja, crises apresentando
estas características provavelmente não
serão controladas com o uso de medicamentos antiepilépticos:
- A ocorrência de "status epilepticus"
(frequência elevada de crises epilépticas
nas fases iniciais)
- Epilepsia parcial com crises frequentes e/ou agrupadas
- Crises com início precoce (antes dos 2 anos
de vida)
- Presença de lesão estrutural associada
(tumores, malformações vasculares, distúrbios
de desenvolvimento cortical e lesões perinatais
não progressivas)
As etapas de avaliação clínica e
pré-cirúrgica de crises de difícil
controle em criança são as mesmas àquelas
descritas (FASES I, II e III).
Porém, a grande diferença entre a indicação
cirúrgica em adultos e em crianças está
no "momento da cirurgia". Há uma maior
tendência na atualidade de indicar o mais precocemente
possível a cirurgia em crianças pelas seguintes
razões:
- Evitar eventuais efeitos prejudiciais das crises sobre
um cérebro em desenvolvimento.
- Evitar o risco de agravamento da epilepsia com a duração
da doença e a repetição das crises.
- Evitar possíveis sequelas psicológicas
de uma doença crônica
e principalmente
- Pela PLASTICIDADE NEURONAL do cérebro da criança.
A plasticidade neuronal é a capacidade do cérebro
da criança de "reorganizar", de aprender
coisas novas e de "readquirir" funções
previamente adquiridas durante a vida que foram perdidas
com o avanço das crises e/ou da doença.
Esta plasticidade neuronal permite que a criança
possa sofrer intervenções cirúrgicas
que são muitas vezes contraindicadas em adultos,
como por exemplo, a hemisferectomia ou eventualmente ressecções
que incluam área motora ou área de linguagem. |