Os sintomas característicos de epilepsia em crianças são muito diferentes daqueles descritos para adultos. (Quais são os sintomas da epilepsia?) Para crianças de até 6 anos de idade, os sintomas podem ser:

- Contração muscular mantida do corpo ou do braço (s) ou perna (s) que dura de poucos segundos a minutos.
- Contrações rápidas de um único músculo ou de grupos musculares do braço ou da perna.
- Série de contrações musculares rápidas e ritmadas do rosto, face ou dos braços ou das pernas
- A cabeça ou o tronco da criança “cai” para frente ou o tronco “arqueia” para trás, ou os braços da criança “dobra”repentinamente como se estivesse tendo espasmo.
- Movimentos parecidos com “pedalar”, impulsão da pelve, balanceio.
- Diminuição na amplitude e/ou velocidade dos movimentos ou até mesmo a interrupção dos movimentos.
- Desvio forçado e mantido dos olhos, cabeça e tronco para um dos lados.

 
Existem vários tipos de epilepsia e síndromes epilépticas peculiares às crianças. De um modo geral, aproximadamente 1/4 destas crises são refratárias ao tratamento medicamentoso.

Alguns fatos podem ser chamados de "indicadores de refratariedade", ou seja, crises apresentando estas características provavelmente não serão controladas com o uso de medicamentos antiepilépticos:

- A ocorrência de "status epilepticus" (frequência elevada de crises epilépticas nas fases iniciais)

- Epilepsia parcial com crises frequentes e/ou agrupadas

- Crises com início precoce (antes dos 2 anos de vida)

- Presença de lesão estrutural associada (tumores, malformações vasculares, distúrbios de desenvolvimento cortical e lesões perinatais não progressivas)

As etapas de avaliação clínica e pré-cirúrgica de crises de difícil controle em criança são as mesmas àquelas descritas (FASES I, II e III).

Porém, a grande diferença entre a indicação cirúrgica em adultos e em crianças está no "momento da cirurgia". Há uma maior tendência na atualidade de indicar o mais precocemente possível a cirurgia em crianças pelas seguintes razões:

- Evitar eventuais efeitos prejudiciais das crises sobre um cérebro em desenvolvimento.

- Evitar o risco de agravamento da epilepsia com a duração da doença e a repetição das crises.

- Evitar possíveis sequelas psicológicas de uma doença crônica
e principalmente

- Pela PLASTICIDADE NEURONAL do cérebro da criança.

A plasticidade neuronal é a capacidade do cérebro da criança de "reorganizar", de aprender coisas novas e de "readquirir" funções previamente adquiridas durante a vida que foram perdidas com o avanço das crises e/ou da doença.

Esta plasticidade neuronal permite que a criança possa sofrer intervenções cirúrgicas que são muitas vezes contraindicadas em adultos, como por exemplo, a hemisferectomia ou eventualmente ressecções que incluam área motora ou área de linguagem.