O Centro de Epilepsia do Hospital Samaritano oferece um Serviço completo para avaliação diagnóstica (diagnóstico diferencial ou avaliação complementar em epilepsia) e também para avaliação pré-operatória de pacientes que apresentam epilepsia refratária ao tratamento medicamentoso.

Os principais procedimentos clínicos e neurofisiológicos oferecidos pelo Serviço de Epilepsia são:

MONITORIZAÇÃO POR VÍDEO EEG (não invasivo):

O exame de Vídeo EEG consiste no registro simultâneo da atividade eletroencefalográfica e da imagem de vídeo, que são armazenados sob a forma digital para posterior análise e revisão de dados.
Esse tipo de registro é prolongado, sendo utilizado basicamente para o registro de eventos paroxísticos, de natureza epiléptica ou não.

É realizado em pacientes internados na Unidade de Vídeo EEG, que consiste de 2 apartamentos onde estão instalados os equipamentos de registro de ultima geracão, da marca Bio-Logic (EUA) com 64 e 128 canais, sistema digital de vídeo EEG sincronizado em sistema de "split-screen", com detecção automática de descargas e crises.

Os pacientes internados na Unidade são mantidos sob cuidadosa supervisão médica, com observação contínua (24 horas ao dia) de enfermagem com treinamento especializado no atendimento ao paciente durante as crises (as drogas anti-epilépticas são habitualmente diminuídas ou suspensas para realização do exame, conforme informado a seguir).

Indicações do exame de monitorizacao por vídeo-EEG

As principais indicações deste exame são:

- Diagnóstico de eventos paroxísticos: o exame de vídeo EEG permite o diagnóstico de certeza da natureza epiléptica, fisiológica não epiléptica (como por exemplo: síncope de origem cardíaca) ou psicogênica de eventos que habitualmente não são presenciados pelo médico. A elucidação diagnóstica nestes casos permite o tratamento adequado dos eventos, com importante impacto terapêutico.

- Caracterização do tipo de crise epiléptica: a caracterização do tipo de crise epiléptica (por exemplo: parcial, tônica, mioclônica, atônica, etc.) é de extrema importância na seleção do recurso terapêutico (medicamentoso ou outro) a ser utilizado em pacientes com epilepsia. Este dado é de extrema importância, por exemplo, nas epilepsias da infância, que podem apresentar-se com múltiplos tipos de crise.
Observação: As indicações descritas acima, geralmente requerem internações curtas (24 a 48 horas) com registro contínuo por vídeo EEG.

- Avaliação pré-cirúrgica para epilepsia, em casos de epilepsia refratária ao tratamento medicamentoso: Nestes casos, o objetivo é identificar a área de início das crises (foco epiléptico), que é o passo mais importante na determinação se o paciente é candidato a cirurgia para epilepsia. Nestes casos o paciente é internado e são retiradas (ou reduzidas) as drogas epilépticas e aguarda-se a ocorrência de algumas crises (geralmente em torno de três).

- Em alguns casos, é necessária a realização do exame de Spect cerebral (ver abaixo) durante uma das crises. Este exame consiste na injeção endovenosa de um radioisótopo durante a crise. Este radioisótopo concentra-se na região do foco epiléptico, e auxilia a localização do foco. A duração habitual da internação para avaliação pré-cirúrgica de epilepsia é de 3 a 5 dias, com monitorização vídeo-eletroencefalográfica contínua.

MONITORIZACAO AMBULATORIAL - 24 HORAS (HOLTER - EEG)

A monitorização contínua ambulatorial do registro eletroencefalográfico (Holter-EEG) é extremamente útil para elucidação diagnóstica em pacientes com epilepsia e distúrbios paroxísticos de outras etiologias.

O paciente comparece ao hospital, onde são instalados os eletrodos de registro e programado o sistema para aquisição contínua do EEG, além de detecção automática de descargas e de crises. O paciente também pode sinalizar ao sistema a ocorrência de eventos típicos.
A informação adquirida sob formato digital pode ser processada posteriormente para revisão pelo médico, sob diferentes montagens e filtros.

O sistema não é dotado de registro por vídeo e pode ser complementar ou substituir o registro por vídeo-EEG em casos selecionados. É particularmente útil em casos de pacientes com suspeita de crises epilépticas onde os exames de EEG se mostrem repetidamente normais, para o acompanhamento dos resultados do tratamento clínico e na resposta ao uso de drogas anti-epilépticas e para elucidação diagnóstica em pacientes com eventos freqüentes de possível natureza epiléptica.

Outros procedimentos empregados na avaliação e tratamento em epilepsia:

- Avaliação Neuropsicológica para Cirurgia de Epilepsia:

Consiste de três a quatro sessões com duração total de 10 a 12 horas, realizada por neuropsicóloga especializada e consiste na aplicação de testes padronizados para a avaliação da eficiência cognitiva global, de processos atencionais e funções executivas, memória, linguagem, habilidades vísuo-espaciais e vísuo-construtivas, gnosias e praxias.

Está indicada na avaliação pré-cirúrgica de pacientes candidatos a cirurgia de epilepsia, sendo aplicada em aproximadamente 80% destes.

Esta avaliação mede o comprometimento das funções cognitivas (auxiliando no "mapeamento funcional" do foco - lateralização e localização), o risco de declínio cognitivo após a cirurgia e é necessária para a interpretação do teste do amital sódico.

Eletrocorticografia intra-operatória

Consiste no registro da atividade elétrica cerebral e de descargas epileptiformes a partir de eletrodos colocados diretamente sobre o córtex cerebral durante o ato cirúrgico.

Este procedimento é realizado por neurofisiologista com treinamento especializado ao longo do procedimento (pré e pós ressecção) e é de extrema importância para mapeamento intra-operatório das áreas epileptogênicas, sendo de importância fundamental no planejamento cirúrgico intra-operatório

- Teste de WADA:

Alguns pacientes já podem ser encaminhados para a cirurgia com base na monitorização por vídeo-EEG. Outros (cerca de 25% dos casos) precisam ainda ser submetidos ao teste de WADA, que permite "simular" a cirurgia, e avalia o risco de o procedimento cirúrgico planejado causar déficit de linguagem (afasia) ou de memória (amnesia).

O teste de WADA consiste na realização de angiografia carotídea bilateral com injeção intra-carotídea sequencial de amital sódico (anestésico geral de ação curta), visando a anestesia temporária de um hemisfério cerebral, para se avaliar funções de linguagem e memória. Este exame é realizado com registro eletroencefalográfico concomitante, para monitorizar a duração do efeito do amital.

O exame envolve a participação de um neuro-radiologista (para realização da angiografia cerebral), um neurologista (para avaliação do paciente e aplicação dos testes de memória e linguagem) e um neurofisiologista clínico (para leitura e interpretação do traçado eletroencefalográfico). Este exame não requer internação hospitalar e pode ser realizado ambulatorialmente.

- Monitorização com eletrodos invasivos:

Em uma minoria de casos, a avaliação não invasiva descrita acima (realizada com eletrodos de superfície) não permite a localização precisa do foco epiléptico. Nestes casos (menos de 10% dos casos) é necessária a monitorização com eletrodos invasivos (subdurais ou profundos).

Nestes casos é necessária uma trepanação ou craniotomia (dependendo do caso) para colocação dos eletrodos invasivos (ver abaixo). Após a craniotomia com colocação de eletrodos, o paciente é encaminhado à unidade de monitorização por vídeo-EEG onde serão registradas crises epilépticas, e, através da interpretação do registro obtido com eletrodos invasivos é possível identificar-se com maior precisão o foco epiléptico, permitindo planejamento cirúrgico adequado.

O paciente é então levado ao centro cirúrgico para retirada das placas e realização da cirurgia para extração definitiva do foco epiléptico.

- Mapeamento cerebral por estimulação cortical (extra-operatória):

Em alguns pacientes submetidos a implante de eletrodos invasivos (como descrito acima) é necessário que se realize, antes do procedimento cirúrgico definitivo, o mapeamento cerebral para localização de funções "nobres", como áreas motoras, sensitivas, visuais e de linguagem.

Este procedimento é realizado através de estimulação elétrica de cada um dos pontos de contato das placas dos eletrodos, o que habitualmente permite definir-se com precisão, áreas que não podem ser ressecadas durante o ato cirúrgico, sob risco de aparecimento de sequelas graves.

Este procedimento de mapeamento cerebral geralmente é bastante prolongado (8 ou mais horas) e requer a participação de pelo menos um neurologista (para administrar a aplicação do estímulo e para interpretação da testagem) e de um neurofisiologista (para interpretação do traçado eletroen--cefalográfico).

- Mapeamento cerebral por estimulação cortical (intra-operatória):

Em alguns pacientes não submetidos a implante de eletrodos invasivos, pode ser necessário identificar, no ato operatório, antes da ressecção do tecido epileptogênico, a identificação de áreas "nobres", como áreas motoras, sensitivas, visuais e de linguagem.

Este procedimento é realizado através de estimulação elétrica de diversos pontos na superfície cortical, sendo realizado com o paciente acordado no caso de mapeamento de áreas de linguagem e de áreas sensoriais e com o paciente sob anestesia geral para o caso do mapeamento de áreas motoras.
Este procedimento permite definir com precisão áreas que não podem ser ressecadas durante o ato cirúrgico, sob risco de aparecimento de sequelas graves.

Dúvidas quanto a indicação ou encaminhamento ou outras questões, favor entrar em contato com a equipe médica