O tratamento depende principalmente da causa da epilepsia. O uso de medicamentos antiepilépticos é a forma mais comumente utilizada e geralmente também é a primeira forma de tratamento a ser tentada. A escolha da medicação antiepiléptica depende do tipo de epilepsia que a pessoa apresenta.
Quando as crises não são controladas com medicamentos antiepilépticos ou quando descobre-se que há uma lesão no cérebro (malformações vasculares, tumores etc...), ou em alguns casos mais específicos, a epilepsia é tratada através de cirurgia. Em outros casos, o estimulador do nervo vagal (ENV) pode ser utilizado.

Tratamento medicamentoso das epilepsias.

Os medicamentos antiepilépticos são escolhidos de acordo com o tipo de crise que a pessoa apresenta e de acordo com os possíveis efeitos colaterais que cada medicamento apresenta. Os médicos procuram escolher o medicamento mais adequado e ao mesmo tempo com menos efeitos colaterais.
Basicamente as crises podem ser divididas em parciais ou localizadas (as crises têm origem focal, ou seja numa determinada área do cérebro) e as generalizadas (as crises têm origem ao mesmo tempo nos 2 hemisférios do cérebro).

 

Os medicamentos antiepilépticos disponíveis no mercado podem ser divididos em 3 categorias:

- Os convencionais: Carbamazepina, Difenilhidantoína, Valproato de Sódio, Fenobarbital e Primidona.

- Os adjuvantes, que não são usados isoladamente para controle das crises, porém podem ser muito úteis quando usados em conjunto com medicamentos convencionais.

- Novos medicamentos antiepilépticos: Lamotrigina, Vigabatrina, Oxcarbazepina, Topiramato e Gabapentina.

As epilepsias parciais ou localizadas são as epilepsias mais frequentemente encontradas na população adulta. São responsáveis por pelo menos 70% das epilepsias que se iniciam no adulto. Cinquenta por cento dos pacientes com epilepsias localizadas têm tanto crises parciais como generalizadas.

O consenso hoje mostra que os medicamentos antiepilépticos mais eficazes para as epilepsias parciais são a Carbamazepina e a Difenilhidantoína. Valproato, Primidona e Fenobarbital são um pouco menos eficazes.

A monoterapia (uso de apenas 1 medicamento antiepiléptico) controla aproximadamente 70% das crises em adultos. Outros 15% a 20% podem obter controle com a associação de um ou dois outros medicamentos antiepilépticos.

As epilepsias generalizadas começam na sua maioria na infância. Entretanto outras epilepsias como a epilepsia mioclônica juvenil iniciam-se na adolescência e podem ser reconhecidas apenas após crises tônico-clônicas generalizadas na idade adulta.
O Valproato (ácido valpróico ou valproato de sódio) é o medicamento de escolha. Também podem ser utilizados benzodiazepínicos (Clobazam, Clonazepam) e Etossuximida para crises de ausência. Os medicamentos como Carbamazepina, Difenilhidantoína, Primidona e Fenobarbital podem ser alternativas para crises tônico-clônicas generalizadas.

Em relação aos novos antiepilépticos, exatamente por serem novos no mercado, a questão da eficácia e da segurança a longo prazo dos novos medicamentos antiepilépticos ainda não estão claramente definidas na comparação com os antiepilépticos convencionais. Portanto, no momento o uso destes novos medicamentos antiepilépticos está reservado para os pacientes com ineficácia ou intolerância aos medicamentos antiepilépticos convencionais.

Tratamento cirúrgico das epilepsias

Como já foi discutido na secção "sobre epilepsia", as crises são na verdade sintomas de que algo errado está acontecendo no cérebro. Assim como a febre, que pode ter vária causas, as epilepsias também podem ter várias causas.
O objetivo do tratamento cirúrgico das epilepsias visa tratar a causa, deixar o paciente sem crises e não deixar sequelas neurológicas.

Conceitualmente as cirurgias de epilepsia podem ser divididas em 3 grandes grupos:

- Cirurgia "ressectiva": São cirurgias çom o objetivo de remover o "foco" ou a origem das crises . Para isso ocorrer, é preciso que as crises sejam focais ou localizadas na sua origem e que o foco seja identificado.
As principais cirurgias "ressectivas" são:

- "Lesionectomias": ressecção de lesões como: tumores, angiomas cavernosos (cavernomas), malformaçõfes artério-venosas (angiomas), malformações do cérebro (displasias corticais).
- Ressecções do lobo temporal (epilepsias do lobo temporal)
- Ressecções de outros locais do cérebro que não o lobo temporal (ressecções extra-temporais)

- Cirurgia "desconectiva": quando estamos diante de crises de queda, que são crises de origem generalizada ou quando diante das crises focais, porém com focos em vários pontos distantes do mesmo hemisfério, é impossível a realização de cirurgias "ressectivas" (a não ser que todo o hemisfério seja removido).

Nestes casos realiza-se a cirurgia "desconectiva", que não tem a intenção de ressecar os focos, porém tem o objetivo de impedir o espalhamento das crises.
Por exemplo, uma das cirurgias desconectivas é a calosotomia, que consiste em seccionar o corpo caloso (maior sistema de interligação entre os 2 hemisférios do cérebro), impedindo que a crise de um hemisfério passe para o outro ou que a crise atinja os 2 hemisférios ao mesmo tempo (ao atingir os 2 hemisférios, há perda de consciência e queda).

As principais cirurgias "desconectivas" são:

- Calosotomia

- Hemisferectomia desconectiva

- Transecção subpial múltipla

- Cirurgia paliativa: reservado para os casos refratários a medicamentos e não se pode realizar nem a cirurgia ressectiva nem a desconectiva, este paciente é candidato a cirurgia paliativa, que pode melhor as crises em até 1/3 dos casos.

A cirurgia paliativa é a colocação de estimulador do nervo vagal.

Tratamento alternativo - Dieta Cetogênica

É uma forma de tratamento para epilepsia à base de dieta muito rica em gorduras e pobre em proteínas e carboidratos.

Este tipo de tratamento foi baseado em observações feitas desde a antiguidade que o jejum melhorava as crises epilépticas. A dieta cetogênica foi desenvolvida por Wilder em 1921 numa tentativa de simular os efeitos do jejum sobre a epilepsia.

Em condições normais o corpo humano (inclusive o cérebro) utiliza a glicose como o substrato para produzir energia, porém ao iniciar o jejum, as reservas de glicose no nosso corpo duram em torno de 24 horas. Após este período o corpo começa a usar a gordura como substrato energético e produzir "cetonas" como produto de degradação da gordura.
Entretanto hoje ainda não se sabe qual o mecanismo de ação da dieta cetogênica na diminuição das crises epilépticas.

Geralmente a dieta cetogênica é aplicada à crianças entre 2 a 6 anos de idade, portadores de crises mioclônicas, atônicas e tônico-clônicas. É muito difícil manter a dieta cetogênica para crianças abaixo de 2 anos e também para crianças acima de 6 anos, estas porque tendem a ser mais rebeldes para seguir a dieta.

Aparentemente a dieta cetogênica não é tão efetiva nas crises parciais e nas crises de ausência.