Os medicamentos antiepilépticos
disponíveis no mercado podem ser divididos em 3
categorias:
- Os convencionais: Carbamazepina,
Difenilhidantoína, Valproato de Sódio, Fenobarbital
e Primidona.
- Os adjuvantes, que não são
usados isoladamente para controle das crises, porém
podem ser muito úteis quando usados em conjunto
com medicamentos convencionais.
- Novos medicamentos antiepilépticos:
Lamotrigina, Vigabatrina, Oxcarbazepina, Topiramato e
Gabapentina.
As epilepsias parciais ou localizadas
são as epilepsias mais frequentemente encontradas
na população adulta. São responsáveis
por pelo menos 70% das epilepsias que se iniciam no adulto.
Cinquenta por cento dos pacientes com epilepsias localizadas
têm tanto crises parciais como generalizadas.
O consenso hoje mostra que os medicamentos
antiepilépticos mais eficazes para as epilepsias
parciais são a Carbamazepina e a Difenilhidantoína.
Valproato, Primidona e Fenobarbital são um pouco
menos eficazes.
A monoterapia (uso de apenas 1 medicamento
antiepiléptico) controla aproximadamente 70% das
crises em adultos. Outros 15% a 20% podem obter controle
com a associação de um ou dois outros medicamentos
antiepilépticos.
As epilepsias generalizadas começam
na sua maioria na infância. Entretanto outras epilepsias
como a epilepsia mioclônica juvenil iniciam-se na
adolescência e podem ser reconhecidas apenas após
crises tônico-clônicas generalizadas na idade
adulta.
O Valproato (ácido valpróico ou valproato
de sódio) é o medicamento de escolha. Também
podem ser utilizados benzodiazepínicos (Clobazam,
Clonazepam) e Etossuximida para crises de ausência.
Os medicamentos como Carbamazepina, Difenilhidantoína,
Primidona e Fenobarbital podem ser alternativas para crises
tônico-clônicas generalizadas.
Em relação aos novos
antiepilépticos, exatamente por serem novos no
mercado, a questão da eficácia e da segurança
a longo prazo dos novos medicamentos antiepilépticos
ainda não estão claramente definidas na
comparação com os antiepilépticos
convencionais. Portanto, no momento o uso destes novos
medicamentos antiepilépticos está reservado
para os pacientes com ineficácia ou intolerância
aos medicamentos antiepilépticos convencionais.
Tratamento cirúrgico
das epilepsias
Como já foi discutido na secção
"sobre epilepsia", as crises são na verdade
sintomas de que algo errado está acontecendo no
cérebro. Assim como a febre, que pode ter vária
causas, as epilepsias também podem ter várias
causas.
O objetivo do tratamento cirúrgico das epilepsias
visa tratar a causa, deixar o paciente sem crises e não
deixar sequelas neurológicas.
Conceitualmente as cirurgias de epilepsia
podem ser divididas em 3 grandes grupos:
- Cirurgia "ressectiva":
São cirurgias çom o objetivo de remover
o "foco" ou a origem das crises . Para isso
ocorrer, é preciso que as crises sejam focais ou
localizadas na sua origem e que o foco seja identificado.
As principais cirurgias "ressectivas" são:
- "Lesionectomias": ressecção
de lesões como: tumores, angiomas cavernosos (cavernomas),
malformaçõfes artério-venosas (angiomas),
malformações do cérebro (displasias
corticais).
- Ressecções do lobo temporal (epilepsias
do lobo temporal)
- Ressecções de outros locais do cérebro
que não o lobo temporal (ressecções
extra-temporais)
- Cirurgia "desconectiva":
quando estamos diante de crises de queda, que são
crises de origem generalizada ou quando diante das crises
focais, porém com focos em vários pontos
distantes do mesmo hemisfério, é impossível
a realização de cirurgias "ressectivas"
(a não ser que todo o hemisfério seja removido).
Nestes casos realiza-se a cirurgia
"desconectiva", que não tem a intenção
de ressecar os focos, porém tem o objetivo de impedir
o espalhamento das crises.
Por exemplo, uma das cirurgias desconectivas é
a calosotomia, que consiste em seccionar o corpo caloso
(maior sistema de interligação entre os
2 hemisférios do cérebro), impedindo que
a crise de um hemisfério passe para o outro ou
que a crise atinja os 2 hemisférios ao mesmo tempo
(ao atingir os 2 hemisférios, há perda de
consciência e queda).
As principais cirurgias "desconectivas"
são:
- Calosotomia
- Hemisferectomia desconectiva
- Transecção subpial
múltipla
- Cirurgia paliativa: reservado para
os casos refratários a medicamentos e não
se pode realizar nem a cirurgia ressectiva nem a desconectiva,
este paciente é candidato a cirurgia paliativa,
que pode melhor as crises em até 1/3 dos casos.
A cirurgia paliativa é a colocação
de estimulador do nervo vagal.
Tratamento alternativo -
Dieta Cetogênica
É uma forma de tratamento
para epilepsia à base de dieta muito rica em gorduras
e pobre em proteínas e carboidratos.
Este tipo de tratamento foi baseado
em observações feitas desde a antiguidade
que o jejum melhorava as crises epilépticas. A
dieta cetogênica foi desenvolvida por Wilder em
1921 numa tentativa de simular os efeitos do jejum sobre
a epilepsia.
Em condições normais
o corpo humano (inclusive o cérebro) utiliza a
glicose como o substrato para produzir energia, porém
ao iniciar o jejum, as reservas de glicose no nosso corpo
duram em torno de 24 horas. Após este período
o corpo começa a usar a gordura como substrato
energético e produzir "cetonas" como
produto de degradação da gordura.
Entretanto hoje ainda não se sabe qual o mecanismo
de ação da dieta cetogênica na diminuição
das crises epilépticas.
Geralmente a dieta cetogênica
é aplicada à crianças entre 2 a 6
anos de idade, portadores de crises mioclônicas,
atônicas e tônico-clônicas. É
muito difícil manter a dieta cetogênica para
crianças abaixo de 2 anos e também para
crianças acima de 6 anos, estas porque tendem a
ser mais rebeldes para seguir a dieta.
Aparentemente a dieta cetogênica
não é tão efetiva nas crises parciais
e nas crises de ausência.
|