Em 1997 foi aprovado nos EUA, o
método de estimulação do nervo vago
como tratamento adjuvante para reduzir a freqüência
das crises em adultos e adolescentes com mais de 12 anos,
com crises de início parcial, resistentes às
medicações anti-epilépticas e que
não eram candidatos a tratamento cirúrgico
convencional. O estimulador do nervo vago consiste de
um gerador, como marca passo e fio bipolar com dois eletrodos
para estimulação (figura 105). O nervo vago
foi escolhido por ser de fácil acesso cirúrgico,
possuir poucas fibras para dor e ampla projeção
anatômica no cérebro. O nervo vago esquerdo
foi escolhido por ter menos inervação sobre
o coração do que o direito. Por meio de
uma incisão no lado esquerdo do pescoço,
o nervo vago é exposto junto à bainha carotídea,
os fios do estimulador são enrolados no nervo (figura
106) e o gerador é colocado na fossa acima da clavícula
ou na região axilar. O mecanismo de ação
do estimulador do nervo vago sobre as crises epilépticas
ainda não está completamente elucidado,
mas provavelmente envolve o sistema ativador reticular
ascendente, conexões centrais do sistema nervoso
autônomo, sistema límbico e o sistema de
projeções noradrenérgicas.
Após a implantação em mais de 16.000
casos em cinco anos, os dados preliminares sobre a eficácia
e os efeitos colaterais da estimulação do
nervo foram os seguintes: a redução da freqüência
das crises é mais acentuada nos grupos com alta
estimulação (30Hz, durante 30 segundos,
com 5 minutos de intervalo, e pulsos de 550 microsegundos).
De modo geral, a redução média das
crises após 3 meses de uso foi de 34% e, após
12 meses, de 45%. Também após 12 meses,
20% dos pacientes apresentaram redução das
crises em até 75%.
Dos 16.000 pacientes submetidos ao implante nos EUA,
28,9% eram da faixa etária pediátrica, dos
quais 16,3% tinham menos de 12 anos. Um ano após
o implante do estimulador do nervo vago, 61% dos pacientes
tiveram redução de pelo menos 50% das crises,
resultado semelhante ao obtido nos pacientes adultos.
Ainda segundo esse mesmo estudo, além do efeito
benéfico sobre a epilepsia, houve melhora de humor,
alerta, habilidades verbais, memória e desempenhos
escolar e profissional. É interessante enfatizar
que os autores referem que esses efeitos não ocorreram
apenas devido à redução da freqüência
das crises, pois houve melhora inclusive nos pacientes
que não obtiveram redução das crises.
Aparentemente, o implante do estimulador do nervo vago
parece ser método eficaz e é indicado para
aqueles pacientes com epilepsia resistente ao tratamento
com medicamentos anti-epilépticos, para os quais
não está indicado o tratamento cirúrgico
convencional ou que já foram submetidos ao tratamento
cirúrgico sem sucesso. A grande desvantagem desse
método é o alto custo. |