13 O que fazer se não consigo controlar as minhas crises mesmo com o uso contínuo de medicamento antiepiléptico?
14 Como um centro especializado em diagnóstico e tratamento de epilepsia pode me ajudar ou ajudar ao meu médico neste caso?
15 O que fazer se tenho o diagnóstico correto da minha epilepsia, estou usando o medicamento ou medicamentos mais adequados para este tipo de epilepsia e mesmo assim tenho crises que afetam a minha qualidade de vida?
16 Quando devo considerar que minha epilepsia é resistente ao tratamento medicamentoso?
17 Quais são as consequências geradas pelas epilepsias de difícil controle?
18 A cirurgia para epilepsia funciona?
19 Se estou considerando a possibilidade de uma cirurgia para epilepsia, quais são os exames que devo fazer?
20 Sempre se consegue identificar a origem das crises após os exames da FaseI?
21 O que é Fase II da investigação pré-cirúrgica?
22 Posso ter uma vida normal após uma cirurgia de epilepsia?
   
 
       
    Respostas  
       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1
Uma crise é causada por uma descarga elétrica anormal e muito rápida que ocorre num dado momento no cérebro, como um "curto circuito". Dependendo do local no cérebro onde ocorreu este "curto circuito", a pessoa pode apresentar crises fortes, como perder a consciência, cair e apresentar "endurecimento" dos braços e pernas e se "debater" ou apresentar crises mais "fracas", como ficar com olhar parado, apresentar um comportamento não habitual, ou apresentar movimentos apenas num braço ou numa perna. A crise reflete fundamentalmente um "curto circuito" temporário do cérebro e atualmente são descritas mais de 20 tipos de crises.
A crise não é sinônimo de epilepsia. A crise é um sintoma da epilepsia. Se a pessoa só tiver tido uma única crise, ela não é considerada epiléptica.
 
     
2 É uma crise com manifestações motoras (apresentando movimentos durante a crise).  
     
3 Quando as crises passam a se repetir e tornam-se crônicas.  
     
4 Os sintomas dependem do local do cérebro onde se originou a crise ou dos locais por onde a crise se propagou.
A seguir descrevemos resumidamente os principais sintomas das crises que se iniciam em uma parte restrita do cérebro (CRISES PARCIAIS) em pacientes acima de 6 anos de idade.
O cérebro apresenta 2 hemisférios cerebrais. Cada hemisfério é dividido em 6 partes, também chamados de “lobos”, que são: lobo frontal, lobo temporal, lobo parietal, lobo central (giros pré-central e pós-central), lobo occipital e ínsula:

De um modo geral, as crises que se originam no LOBO TEMPORAL são caracterizadas por:
O início da crise pode ser variável. Pode começar com a sensação de desconforto na barriga ou sensação de medo ou sensação de já ter conhecido um ambiente que é novo (de já vu) ou sensação de nunca ter visto um ambiente já conhecido (jamais vu), ou sensação de “palpitação no coração”, ou sensação de “cheiro desagradável”. Esse início de crise é chamado de AURA.
Em seguida a pessoa passa a não responder, como se “saísse do ar”, fica com os olhos arregalados, parados, a boca com movimentos como se estivesse mastigando e engolindo, podendo fazer barulhos e as mãos apresentando movimentos automáticos (sem uma finalidade definida), ou pode ficar com uma das mãos parada. Pode sair andando ou continuar fazendo tarefas que estava fazendo antes da crise (ex: continuar colocando leite na xícara). A crise pode durar minutos e depois da crise a pessoa volta a si, geralmente um pouco confusa e não lembra do acontecido. Pode demorar algum tempo para voltar a falar normalmente. Pode acontecer da pessoa cair no chão, ficar com lábios roxos e se debater. Esse tipo de crise e chamada de CRISE PARCIAL COMPLEXA.

De um modo geral, vários padrões de crises podem se originam no LOBO FRONTAL :
A aura pode ser a sensação da “mente fugindo” ou mesmo não apresentar aura.
Pode ocorrer o mesmo tipo de crise parcial complexa como a descrita para lobo temporal, com mais movimentação das mãos, as vezes com as pernas (como se fosse pedalar), mas geralmente a crise parcial complexa do lobo frontal tem menor duração (em média 30 segundos), são muito mais freqüentes (podendo acontecer várias crises no mesmo dia), as crises podem começar e terminar subitamente e a pessoa volta da crise já normal.

Pode apresentar crises de curta duração que se iniciam subitamente com a pessoa ficando sem responder, vira a cabeça e os olhos para um lado e com um dos braços ficando duro e esticando lentamente. Também pode levantar os 2 braços como se fosse “voar”. Pode também acontecer da pessoa cair no chão, ficar com os lábios roxos e se debater.

Pode acontecer a parada súbita dos movimentos, como se a pessoa estivesse tendo uma “ausência”.

As crises do lobo frontal podem acontecer preferencialmente à noite (não se sabe a causa disso).

De um modo geral, as crises que se originam no LOBO OCCIPITAL são caracterizadas por:
O começo das crises pode ser fenômenos visuais, como aparecimento de “chuviscos”, “flashes”, “luzes”, ou “escurecimento das vistas”, sensação de movimentos dos olhos, piscamentos forçados, desvio dos olhos, “tremor nas pálpebras”. A continuação da crise vai depender para qual lobo a crise se propaga (ex: continuar como crise temporal). Pode também ser seguida de queda ao solo, com os lábios roxos e se debater.

De um modo geral, as crises que se originam no LOBO PARIETAL são caracterizadas por:
A crise pode começar com sensação de vertigem, tontura, fenômenos visuais mais complexos (como enxergar imagens distorcidas), ou sensação de “aumento ou diminuição ou distorção da imagem do próprio corpo). A continuação da crise vai depender para qual lobo a crise se propaga. Pode também ser seguida de queda ao solo, com os lábios roxos e se debater.

De um modo geral, as crises que se originam no LOBO CENTRAL (giros pré-central e pós-central) são caracterizadas por:
A crise pode começar com sensação de formigamento ou amortecimento da mão ou em um ou mais dedos da mão, principalmente o polegar, a mesma sensação pode atingir o rosto, a boca, o braço, ou a perna.

A crise também pode começar com movimentos ou contrações involuntárias da mão, do braço, do rosto ou da perna. A continuação da crise vai depender para qual lobo a crise se propaga. Pode também ser seguida de queda ao solo, com os lábios roxos e se debater.

Devido à sua localização profunda entre os lobos frontal e temporal, as características das crises que originam-se na ÍNSULA podem assemelhar-se muito às descritas para lobo temporal ou lobo frontal.

 
     
5 Estima-se que aproximadamente 10% da população teve ou vai ter uma crise durante a sua vida, enquanto que 1% a 2% da população tem epilepsia.
Estima-se portanto que há aproximadamente 1,8 a 3,6 milhões de epilépticos no Brasil.
 
     
6 Em aproximadamente 30% dos casos a causa é desconhecida. As principais causas conhecidas da epilepsia são: trauma de crânio, tumores cerebrais (oligodendroglioma, astrocitoma, gangliglioma, gangliocitomas, meningioma, glioblastoma), malformações cerebrais (hemi-megalencefalia, displasia cortical, microdisgenesia, hamartomas hipotalâmicos), malformações vasculares (cavernomas, malformações artério-venosas (MAV), seqüela de isquemia cerebral ocorrida no período intrauterino ou perinatal ou neonatal, Síndrome de Rasmussen, Síndrome de Sturge Weber, esclerose tuberosa, derrame cerebral, causas externas (uso de álcool, drogas, intoxicação), infecção (meningites, encefalites) e lesões cerebrais ocorridas durante o período intra-uterino.
Em alguns casos a epilepsia é de causa genética.
Para visualizar as imagens dessas causas, voltar à página inicial e clicar “Tipos de cirurgias para epilepsia”
 
     
7

As crises epilépticas são classificadas em PARCIAIS E GENERALIZADAS.
As crises parciais originam-se de um grupo de células nervosas em uma área restrita do hemisfério cerebral, chamado de foco epiléptico (Figura 2). As crises parciais podem propagar para outras regiões dentro do mesmo hemisfério cerebral (Figura 2, seta 1) ou propagar para o outro hemisfério cerebral (Figura 2, seta 2) ou até propagar para estruturas profundas do cérebro (Figura 2, seta 3).
Quando uma crise parcial atinge estruturas cerebrais profundas, especificamente o tálamo (Figura 3, seta 4), a crise pode então propagar para os 2 hemisférios cerebrais, essa crise passaria a ser chamada de secundariamente generalizadas.
Muitas vezes, os pacientes conseguem sentir “um aviso”, também chamado de AURA antes da instalação das crises parciais. A aura na verdade, indica o início das crises.
As crises generalizadas iniciam-se provavelmente a partir de estruturas profundas do cérebro (Fig 4) e atingem os 2 hemisférios cerebrais imediatamente, sem aura.


Figura 2


Figura 3


Figura 4

 
     
8 Não  
     
9 Geralmente o diagnóstico é feito pelo neurologista, neurocirurgião ou neuropediatra, baseando-se na história clínica, nos sintomas e sinais encontrados e no resultado do eletroencefalograma (EEG).  
     
10 O tratamento depende principalmente da causa da epilepsia. O uso de medicamentos antiepilépticos é a forma mais comumente utilizada e geralmente também é a primeira forma de tratamento a ser tentada. A escolha da medicação antiepiléptica depende do tipo de epilepsia que a pessoa apresenta.
Quando as crises não são controladas com medicamentos antiepilépticos ou quando descobre-se que há uma lesão no cérebro (malformações vasculares, tumores etc...), ou em alguns casos mais específicos, a epilepsia é tratada através de cirurgia. Em outros casos, o estimulador do nervo vagal (ENV) pode ser utilizado.
 
     
11 Aproximadamente 70 a 80% das pessoas que sofrem de epilepsia têm as suas crises controladas com o uso de mediacação antiepiléptica adequada.  
     
12 Várias causas podem estar envolvidas: o medicamento que está sendo usado pode não ser o mais adequado para o seu tipo de epilepsia. Para saber qual o medicamento mais adequado é preciso ter o diagnóstico correto do tipo da epilepsia. Mesmo tendo o diagnóstico correto do tipo da epilepsia e com o uso correto do medicamento, a dosagem do medicamento pode não ser a ideal para o metabolismo do seu corpo, para isso é preciso dosar o nível do medicamento no seu sangue (dosagem do nível sérico).
Na medida do possível os médicos tentam tratar a epilepsia com o uso de um tipo de medicamento antiepiléptico (monoterapia), porém às vezes isso não é possível, seja porque o paciente tem mais de um tipo de epilepsia ou porque realmente não se consegue controlar as crises com apenas uma medicação, neste caso é necessário o uso de mais de um medicamento (politerapia). Nestas ocasiões, um medicamento pode interferir com o metabolismo do outro, diminuindo a concentração dos medicamentos no sangue. Portanto quando a politerapia se faz necessária, a escolha dos medicamentos a serem associados é muito importante.
 
     
13 Procurar seu médico neurologista, neurocirurgião, neuropediatra ou um centro especializado em diagnóstico e tratamento de epilepsia.  
     
14

Um centro especializado em epilepsia como o nosso pode saber qual o tipo exato de sua epilepsia, qual a frequência exata de suas crises e qual ou quais os medicamentos mais adequados para o seu caso (Investigação FASE I).

Mais informações clique aqui (etapas de investigação clínica e pré-cirúrgica)

 
     
15

Neste caso procurar um centro especializado em diagnóstico e tratamento de epilepsia para verificar e talvez fazer alterações no seu esquema de medicamento, ou associar outros medicamentos de segunda linha e talvez considerar a possibilidade de cirurgia de epilepsia.

Mais informações clique aqui (etapas de investigação clínica e pré-cirúrgica)

 
     
16 Quando as crises não são controladas mesmo com o uso de 3 ou mais medicamentos antiepilépticos (sendo pelos 2 deles antiepilépticos convencionais (fenitoína, carbamazepina, valproato e fenobarbital), atingindo a dose máxima tolerada em cada um deles.  
     
17 - Consequências físicas: risco de vida, ou risco de se machucar com quedas, queimaduras etc...
- Limitações e consequentemente o comprometimento da qualidade de vida, tais como não poder andar sozinho na rua, não poder dirigir, não poder nadar na piscina ou na praia sozinho, não poder beber uma quantidade de álcool como uma outra pessoa não epiléptica, ou até não poder trancar a porta do banheiro, limitando portanto a liberdade de viver e o paciente acaba tornando-se dependente de outras pessoas.
- Distúrbios na atenção, aprendizagem e memória.
- Consequências sociais (estigma, isolamento, limitações no emprego ou mesmo para obter um emprego).
- Efeitos colaterais com o uso de medicamentos antiepilépticos.
 
     
18 Funciona. Mas a taxa de sucesso no tratamento cirúrgico das epilepsias está diretamente relacionada à indicação cirúrgica correta e à técnica cirúrgica adequada. A indicação cirúrgica depende da investigação pré-cirúrgica criteriosa (avaliação pré-cirúrgica) e a técnica cirúrgica depende fundamentalmente da boa formação, do treinamento, da experiência da equipe cirúrgica e de um centro cirúrgico bem equipado (modernos microscópios cirúrgicos, sistema de neuronavegação, aspirador ultrassônico etc...).
Nos casos de epilepsia de origem no lobo temporal, 90 a 94% dos pacientes tornam-se livres das crises após a cirurgia.
 
     
19

Os exames da avaliação pré-cirurgica são divididos em 3 fases:
Fase I consiste na identificação da "origem" (zona epileptogênica):
EEG, RNM, teste neuropsicológico, SPECT e monitorização por Vídeo-EEG.
Se a origem das crises for identificada após Fase 1, o paciente passa diretamente para a Fase 3 da investigação, que são teste de Wada quando necessário e a cirurgia de epilepsia propriamente dita.

Mais informações clique aqui (etapas de investigação clínica e pré-cirúrgica)

 
     
20

Na maioria das vezes sim. Porém em alguns casos, mesmo após realização de todos os exames da Fase I, ainda não se consegue determinar com exatidão a origem das crises.
Isto pode ocorrer em algumas situações, como quando a origem das crises é de uma região muito profunda do cérebro, ou quando as crises, mesmo originando-se de uma região bem definida do cérebro, espalha-se muito rapidamente e o EEG só consegue registrar as crises depois do espalhamento das mesmas.
Nesses casos, é aconselhável prosseguir para Fase II da investigação.

Mais informações clique aqui (etapas de investigação clínica e pré-cirúrgica)

 
     
21

É a chamada fase de investigação "invasiva", onde eletrodos que registram a atividade elétrica do cérebro são colocados diretamente sobre a região do cérebro que a equipe médica suspeita que esteja originando as crises, através de uma cirurgia. Estes mesmos eletrodos também podem ser usados para identificar as chamadas áreas "eloquentes" do cérebro (como área da linguagem e área que comanda os movimentos do corpo).

Mais informações clique aqui (etapas de investigação clínica e pré-cirúrgica)

 
     
22 Sim